A experiência de assistir o
espetáculo HOMINUS, do grupo Creche na Coxia tem sabor redobrado. Primeiro pela
linguagem, que envolve performance e mímica, mas não fica só nisso. O grupo mostra um repertório vocal
diferenciado, com tonalidades musicais bem afinadas além de valorizar diversas
nuances de um teatro pós-dramático que vem, desde os anos 90, encontrando seu
espaço no Brasil.
O trabalho de criação coletiva
também teve destaque. Durante o processo o grupo se juntou para pesquisar sua
própria dramaturgia, recriando corporalmente quadros que vimos desde a infância
nos livros didáticos, estabelecendo um contato de humor e visceralidade nas criações cada vez mais
instigantes que deram ao trabalho um ritmo forte e manteve o público
concentrados do começo ao fim.
Bebendo na fonte da mídia
televisiva, radiofônica e cinematográfica, além dos dos cadernos de escola, e a
internet, Hominus soube juntar diversos padrões sociais numa linguagem cênica,
sem usar de forma dependente, a palavra, o que não é pouco, já que, utilizar os
conceitos da mímica sem parecer pantomima e usar o texto falado sem se ater a
composições prolixas, exige um trabalho de pesquisa e o grupo, sem dúvida,
acertou, no caminho que escolheu.
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Apenas um pequeno tapete, 4 atores e a história do mundo flui, levando o público a uma viagem surpreendente. |
Não fica claro, entretanto, se a
intenção do grupo é brincar com a história ou demonstrá-la tal como foi. Dá pra
dizer que o tom as vezes parece “brincadeira” pura e simplesmente, mas não
necessariamente. Há nuances do espetáculo que leva o público à reflexão e até
mesmo às lágrimas. Logo, quando o ator diz que ouve “um milhão de mortos” na
segunda guerra mundial pode estar fazendo uma referência aos quase 60 milhões
de pessoas que pereceram naquele conflitos. Só na frente russa morreram quase 25
milhões de pessoas, a Alemanha perdeu mais de 13 milhões, os aliados 5 milhões
e por aí vai. Não que os números sejam importantes. Ou será que são?
O figurino combina com o vigor
físico dos artistas que aproveitam uma forma despojada para contar a história,
num certo sentido, podemos dizer que são pessoas jovens, contemporâneas, que se
permitem falar de um outro tempo, incluindo o tempo atual. Mas o que realmente
nos importa dizer é que o teatro aconteceu, a cena se sustenta e a mímica
agradece. Platéia lotada, muitos aplausos e, o que é mais bonito, o público
telefonando para os amigos e recomendando o trabalho
Serviço:
Temporada: dias 17,24 e
31 de Outubro
Teatro Maria Clara
Machado – Planetário da Gávea.
Endereço: Av. Padre
Leonel França, 240 - GÁVEA
Espetáculo: “HOMINUS”
Temporada: 03(três) semanas - Horário: quartas-feiras, às 21h.
Duração: 01h Classificação Etária: Livre
Espetáculo: “HOMINUS”
Temporada: 03(três) semanas - Horário: quartas-feiras, às 21h.
Duração: 01h Classificação Etária: Livre