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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

O Maravilhoso Mundo da Mímica - SESC Piracicaba - Fevereiro de 2018.

Mímica tradicional clássica, emoldurada com palhaçaria e
música. Meus parceiros, Nathally Amariá e Harley em
um momento antes de inciarmos a função no SESC Piracicaba.
 FOTO: Gabi Tejada - 2018
A mostra "O Maravilhoso Mundo da Mímica", do SESC de piracicaba, não é apenas uma agenda que dá aos artistas envolvidos, a dignidade de ter um cachê e boa infra estrutura para trabalhar. Nesta mostra, o SESC se conecta com uma das melhores tradições do fazer artístico nacional, e oferece ao público, a possibilidade de ver o trabalho daqueles que, longe do glamour da mídia, estão por trás de grandes acontecimentos artísticos do país.

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A mímica vem narrando sua história no Brasil desde a década de 50, quando Ricardo Baneira e Luis de Lima, cada qual na sua esfera, traçaram algumas bases que são seguidas até hoje, embora a juventude, em grande parte, desconheça a raiz histórica que pavimentou o caminho que fez desta arte, uma prática que hoje em dia, envolve centena, talvez milhares de artistas que descobrem, a cada dia, o valor que a mímica confere ao panorama artístico brasileiro.

Prezepio, personagem de "Por Detrás do Silêncio", muitas alegrias e
história pra contar. Foto: Gabi Tejada - SESC Piracicaba - 2018.
Quando me apresentei recentemente, no SESC de Piracicaba, o Iluminador, Guto, funcionário da casa, me contou ser genro do Ricardo Bandeira, um dos grandes mímicos brasileiros, pioneiro desta arte no Brasil. Bandeira foi um desbravador. Talvez, os mímicos brasileiros não se deem conta do quando devem a ele. Sua ousadia, de levar uma arte solitária, da forma mais solidária possível, foi um passo definitivo, para a construção da ecologia da mímica no Brasil. Guto me contou algumas histórias, de forma rápida, incrível é que, enquanto ele falava, minha memória refrescava e eu lembra que havia lido sobre algumas passagens da vida do grande mestre da mímica.  É incrível como tudo se completava e a informação ia se arredondando e tudo parecia fazer sentido. 
Meu único contato com Ricardo Bandeira foi através de um telefonema, em 1994, quando comecei a fazer um catálogo de mímicos, tive uma ótima conversa com ele, lembro que paguei uma conta telefônica bem alta e praticamente não tinha recursos para levar adiante a ideia deste catálogo que, apesar de tanto esforço, malogrou no meio do caminho. Mas deixou a marca de grandes amizades com praticantes desta arte como, por exemplo, a reaproximação com meu mestre Everton Ferre, e construção de uma teia de cumplicidade com os mímicos da minha geração e da geração anterior à minha. Eduardo Coutinho, Fernando Vieira, Lina do Carmo, Alberto Gaus e Vicentini Gomes, só para citar alguns.


No palco do SESC de Piracicaba, a mímica reconectada com sua tradição, através da mostra
"O Maravilhoso Mundo da Mímica". Foto: Gabi Tejada - 2018

A mostra que está sendo realizada no SESC de Piracicaba, durante este mês de fevereiro de 2018, tem forte valor simbólico para a arte da mímica. A curadoria foi feita pelo mímico de São José dos Campos, Carlos Alberto Javkin, que também viveu momentos incríveis e presencial com o mestre Ricardo Bandeira, dividindo com ele, uma vida dedicada à arte. Javkin recriou a linda forma de levar para uma instituição de peso, um pouco do esforço que é, praticar uma arte cheia de mistérios e quase invisível, no Brasil. 
Parabéns ao SESC de piracicaba, repetiu um feito só realizado pelo SESC consolação, em 1996. Uma mostra completa, de mímica, com direito a catálogo e informações sobre os praticantes desta arte.
Os mímicos estão aí, fortes e atuantes, o Brasil está na paisagem. A mímica é uma das mais antigas formas de arte teatral, na cultura humana. Uma forma quase primitiva de se expressar artisticamente. Apesar de tantas teorias, tantas técnicas, tantos discursos acadêmicos, o mímico ainda é aquela criatura que cutuca as pessoas de forma quase imperceptível em que  pese tantos ruídos da vida contemporâneo.
Hoje, sinto orgulho de ser Pantomimo Clássico, e pude sentir na plateia do SESC de Piracicaba, o quanto a juventude se fez presente e não perdeu a fé na nossa arte que se expressa através do gesto, do silêncio e dos sons larvários. Ser mímico, não é atingir milhões de pessoas com entretenimento, apenas, ser mímico é um sopro divino, no coração do público, que nos assiste em algum momento e, com ou sem agenda cheia, os mímicos brasileiros estão resistindo e seguem firmes no caminho.

(Jiddu Saldanha - Mímico e Blogueiro).

2 comentários:

  1. Un artista maravilloso, y una gran persona, le enviamos nuestras felicitaciones y los mejores deseos desde Santiago de Chile. De parte de Don Roberto Hoppmann y todo el equipo humano que trabaja en el espacio cultural TALLER SIGLO XX YOLANDA HURTADO www.tallersiglo20.cl

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  2. Saudações meu amigo!! Uma inspiração!! Amo! Sou fã!

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