OBRIGADO POR ME PRESTIGIAR!

domingo, 27 de março de 2011

SUGESTÕES DE ESTUDOS PARA O ATOR ESTATUÍSTA.

Para desenvolver uma boa performance de Etátua Viva o artista deve dar ao público a noção de que seu trabalho tem uma pesquisa definida, um desenvolvimento, uma linguagem, um estilo. Se não acontece desta forma a impressão é de que se trata apenas de uma estátua decorativa e nada mais.

Figuras amórficas podem render uma ótima pesquisa para a criação
de estátuas vivas.

É bom lembrar que o objetivo da estátua viva não é imitar mas mostrar algo que poderíamos chamar de obra de arte, ou seja, a arte do intérprete, do artista em questão, no caso aqui, o estatuísta. Utilizando o melhor da técnica de contração, espasmo e respiração para que o público desfrute de uma linguagem cênica e não apenas uma imagem “bela” e “morta”.
Uma boa forma de começar é partir para os principais ícones da estatuária universal, imagens que, uma vez colocadas em cena toca diretamente o imaginário do expectador.
Alguns ícones universais que funcionam bem na estátua viva são:

A Figura do Pensador de Auguste Rodin, oferece a
possibilidade de uma caraterização ousada para jovens
que queiram arriscar.
Na pintura – Obras de artistas consagrados como Goya (A Maja Desnuda, A Maja Vestida ou O Gigante), Leonardo da Vinci (Mona Lisa, A Dama do Arminho a Santa Ceia), a obra de Modigliani com belas esculturas sugestivas tanto quanto suas pinturas e ainda, na ousadia da obra de Pablo Picasso, que poderia render uma boa pesquisa de estilização da forma para compor um quadro cênico.  No Brasil temos as imagens de Lasar Segall, Cândido Portinari e a própria Tarsila do Amaral com seus personagens de pés grandes.
Na escultura: Auguste Rodin (O Pensador) e porque não a execução cênica de “O Beijo”, uma obra instigante e dificílima.
Chaplin oferece uma rica
pesquisa para estatuístas.
No cinema: Figuras como: Charles Chaplin, Mr. Bean, Alfred Hitchcok, Marilyn Monroe, Mazzaropi, Zé do Caixão,  etc...
No teatro: A figura de Marcel Marceau e seu personagem BIP e até mesmo a personificação das máscaras de teatro e seu significado arquetípico.
Na literatura: A figura inconfundível de Fernando Pessoa, com seu chapéu ou Carlos Drummond de Andrade que se tornou inesquecível por usar um tipo de óculos e uma roupa sóbria de executivo quase sempre preta.
Na religião: Conforme o credo religioso dá para criar figuras do catolicismo tais como: São Franciso de Assis, Santo Antônio, São Sebastião, São Jorge e também uma composição da Santa Ceia, que executada por um grupo. No protestantismo toda uma gama de personagens bíblicos que podem ser representados a partir de uma pesquisa de época e figurinos tirados da imaginação do artista.
A figura de um religioso identificado com sua religião: rabino, monge budista, pastor evangélico, pais de santo, etc...
E ainda as imagens tradicionais de anjos e querubins.
Na política, figuras emblemáticas como: Nelson Mandela, Gandhi, Getúlio Vargas, Olga Benário, a rainha da Inglaterra, Lady Di, Os presidentes estadunidenses (nem todos), figuras que marcam por sua imagem como políticos de alguns países árabes.

Anjos, querubins, fadas e figuras da mitologia espiritual ou pagã são
inesgotáveis fontes para pesquisa e criação no campo da estatuística.
ARQUÉTIPOS COTIDIANOS.
 Personagens do cotidiano podem ser revelados por sua profissão:
Pedreiros, esportistas, religiosos, artistas, coletores, professores, químicos, físicos, astronautas, vendedores, agricultores, militares, etc...

FIGURAS AMÓRFICAS.
Uma pesquisa em figuras sem formas definidas pode ser um grande desafio e fica a cargo do artista utilizar o máximo de sua imaginação. Uma coisa que se recomenda é estudar os personagens da ficção científica com referências e aparências inventadas.
Ex:   A figura do Allien (filme estadunidense dos anos 80), alguns personagens do Star War, tais como os guerreiros Jedi. O Spok da série Jornada nas Estrêlas, figuras de extraterrestres de filmes de ficção científicas ou referidas em revistas de ufologia, etc.

Imagens renascentistas como a da Mona Lisa
de Leonardo da Vinci, são ótimos convites para
uma excelente performance estatuística.
ARQUÉTIPOSFAMILIARES:
Na família, quando em conjunto, os artistas podem definir bem os papéis criando figuras para retrato onde fica evidente quem é o pai, a mãe, a avó, o irmão, o parente próximo, o avô, o tio, o sobrinho, a namorada, a empregada, etc...

FAÇA SUA PERGUNTA.
Você gostaria de interagir com este artigo? Mande uma pergunta para Jiddu Saldanha!
jidduks@hotmail.com  com o título: PERGUNTA SOBRE ESTATUÍSMO.
Pesquisaremos a resposta e publicaremos aqui. 

Nieta Ede, do grupo AmandoArt pediu dica sobre figurino e cenário. Lá Vai:

Cara Nieta, obrigado por sua pergunta e segue aqui um pouco da minha percepção sobre Cenário e Figurino no contexto do Estatuísmo moderno.

Gianni Ratto, cenógrafo.
CENÁRIO.

O Cenário, dentro do estatuísmo é muito importante e fácil de executar. Praticáveis em forma de cubo, forrado com tecidos sempre dão clima e textura para a execução de uma boa cena ao ar livre ou palco.
É bom observar como se comporta o olhar do expectador e qual o objetivo da cena mostrada. Deve-se levar em conta a opção estética, se é clássica, contemporânea, se é criação livre, espontânea ou se são inspiradas em escolas européias como: surrealismo, cubismo, fauvismo; ou nos cânones da construção manual envolvendo carpintaria, marcenaria e por aí a fora.
Um bom cenário sempre parte de um bom estudo do significado do que se quer e, para se formar um estudo mais completo sobre isso é necessário recorrer a livros, vídeos e contato direto com o teatro.
Nas cidades brasileiras onde existe escola de teatro sempre tem uma cadeira voltada para a cenografia e figurino.  Uma maneira muito produtiva de se estudar é através do autodidatismo, como disse Guimarães Rosa: “O aprender está no fazer”. Juntar-se a um grupo de teatro e experimentar é o melhor caminho. Grandes cenógrafos saíram de grupos de teatro, não tem escola melhor. Um dos maiores cenógrafos brasilerios é Gianni Ratto, vale uma pesquisa sobre ele.

FIGURINOS

Rosa Magalhães, figurinista.
O figurino estatuístico é um dos pontos altos junto com a maquiagem. As roupas para este tipo de teatro são verdadeiras escultuas. Na minha percepção acho que um desenhista/modelista que tenha uma boa técnica de costura pode fazer as roupas pesquisando sempre o melhor tecido e a maneira ideal de dar forma à idéia.
Fazer figurino para estatuísmo requer conhecimento de diversas técnicas como: Fazer franja através de costura primorosa, conhecer técnicas de tingimento de tecido e ter curiosidade pelos personagens abordados. Acho que uma boa forma de descobrir como construir melhor este tipo de roupa é conhecer e se aproximar de carnavalescos, artistas que tem uma visão geral de movimento, plástica cênica e confecção de roupas. Um nome que vale a pena conhecer e estudar é Rosa Magalhães, a carnavalesca da escola de samba Imperatriz Leopoldinense que, além de ser uma referência no Brasil e no mundo neste quesito é também uma figurinista que veio do teatro.

sábado, 5 de março de 2011

ESTATUÍSMO

Estatuísmo ou Estátua Viva é uma técnica de mímica influenciada pelas artes plásticas, principalmente a escultura. Poucos teóricos falaram deste nicho artístico dentro da prática da mímica teatral e de rua; no entanto é bem forte, sobretudo no mundo da música pop e danças de rua.
Sebastian, foi um dos meus mais ousados personagens,
dirigido por Roberto Bürgel, nele usei a técnica do
estatuísmo ao extremo. Lembro até hoje do deslumbra-
mento da platéia curitibana, no teatro Guaíra, famoso Gairão.
Pode ser visto em performances de Hip Hop, a famosa dança Break dos guetos estadunidenses e também o estilo Moonwalk, herança deixada pelo pop star Michael Jackson. No Brasil, esta prática também se repete na dança de rua e de vez enquando acompanha algum modismo ligado à mídia televisiva.
Nos anos 90 a prática da Vitrine Viva (um derivado do estatuísmo) foi moda e se alastrou pelo Brasil e depois morreu. A partir do ano 2000 as cidades brasileiras foram invadidas pela estátua viva e artistas por todos os cantos do país começaram a formar seu próprio repertório de trabalho, formando inclusive grupos que passaram a se dedicar a esta forma de expressão, mesmo sem estudar a mímica teatral, que é a base técnica para o domínio do conceito.

Meu Contato com estátuas vivas de Todo o Brasil

Estatuistas fotografados com a Mala da Fama.
www.maladafama.blogspot.com
Viajando pelo Brasil sempre encontro artistas que fazem "Estátua Viva". Aquelas que me chamam a atenção gosto de fotografar, porém, não é fácil levantar os dados destes artistas. É sempre um ritual bem complicado porque você não pode interromper o que eles estão fazendo. Eu tenho vontade de catalogar esse pessoal porque acho que o que eles fazem tem muito a ver com a verdadeira arte da Mímica! É, talvez, a forma mais antiga de expressão da arte da mímica, deve ter nascido junto com a escultura e ganhado grande força na civilização grega, não é difícil chegar a esta conclusão!

BAHRONE - Um estatuísta de Porto Alegre!

Bahrone, costuma mostrar suas performances no seu estado
natal, RS e também viaja por todo o Brasil.
Um dos estatuistas que mais admiro, é o porto alegrense Bahrone. Acompanho seu trabalho desde meados do ano 2000 e vejo-o progredir cada vez mais. Com um repertório muito curioso de estátuas ligadas à Literatura, tive o privilégio de vê-lo interpretar personagens famosos.
Bahrone costuma falar textos teatrais e literários quando o público lhe oferece uma moeda. A apresentação fica charmosa e o artista que é bem criativo tem uma agenda de trabalho bastante solicitada tanto no seu estado natal, Rio Grande do Sul, como em todo o Brasil, inclusive ele já esteve se apresentando no Rio de Janeiro no ano passado (2010).

NAS RUAS DE CABO FRIO.

Em Cabo Frio tive o prazer de assistir a este artista da foto que, inflelizmente não pude saber seu nome por uma razão simples: ele estava rodeado por um público numeroso. A cena em que ele beijou a mão da meninazinha que colocou uma moeda em sua caixinha é de extrema ternura, algo inesquecível e que me fez perder-me em meio a cliques e mais cliques para registrar aquele momento.
Dava para perceber o encantamento e o magnetismo que ele provocava no público que fazia questão de se aproximar e admirá-lo por um bom tempo!
Este jovem artista impressionou não só pela forma como manifestou a técnica de estatuismo, muito próxima das que ensino em minhas oficinas, mas também, pela beleza de sua roupa e cuidado como acabamento de sua maquiagem, sem dúvida, um ótimo profissional.
Infelizmente, devido ao enredamento de seu trabalho e o constante assédio do público completamente hipnotizado, não  consegui vencer a timidez e conversar com ele.


Jehrome Murat - Um Estatuísta exemplar!

Uma das grandes sensações que apareceu na internet, nos ultmos 5 anos foi o performer Jehrome Murat. Seu trabalho encantou multidão através de um vídeo mostra uma bela técnica de estatuismo. O interessante é que Jehrome conhece a fundo a mímica e a pantomima, utilizando recursos técnicos corporais numa performance que prima pelo bom desempenho plástico e técnico.

                                   Abaixo segue dois vídeos de Jehrome:
O Primeiro; um vídeo que o consagrou tornando-o um artista festejado em shows de auditório pelo mundo a fora e o segundo que mostra, com menos recursos de iluminação, o rigor e a precisão de sua técnica.


Jerome Murat





Jérôme Murat - La Statue - Le Plus Grand Cabaret Du Monde


terça-feira, 1 de março de 2011

Mímica e Cinema. Atores famosos e sua relação com a Mímica.


Klaus Kinski 


O Ator alemão Klaus Kinski, era preferido do cineasta Werner Herzog. Kinski nasceu em 1926 numa cidade que hoje faz parte da Polônia, Zolda. Duarante a guerra foi convocado pela Wermarch e desertou. Durante a guerra viveu num campo de prisioneiros inglês, onde fazia cenas teatrais e performances de mímica em troca de cigarro e algumas regalias mínimas.
Depois de livre, retornou à então Alemanha Ocidental e ajudou na reconstrução do país, fazendo recitais e performances, percorrendo o país de Ponta a Ponta. Sua filha, Natasha Kinski tornou-se musa do cinema nos anos 80. Quando Klaus Kinski morreu, em 1991, era festejado com um dos mais importantes atores do século 20.


Paulo Autran - "Todo Mundo já foi
mímico um dia".
São muitos os artistas de projeção internacional que já 
tiveram uma "passagem" pela arte da mímica e o aprendizado desta técnica já foi útil em alguns momentos de suas carreiras. Um deles, sem dúvida é o ator Paulo Autran, que, em 1988 recebeu no hotel onde estava hospedado, em Curitiba, uma parte da equipe da peça de teatro "Conversão", montagem do grupo Arte de A(r)mar, dirigida por mim. 


Num papo descontraído, Paulo Autran disse claramente a frase "Todo mundo já foi mímico um dia", com esta frase, metafórica, provavelmente ele quis dizer que há, num certo sentido, um fetiche pela mímica vindo da classe de atores. Muitos não mergulham fundo nesta arte por julgá-la difícil demais. Outros aprendem algumas pantomimas ou alguns "truques" e seguem adiante em suas carreiras, mas tem aqueles que vão fundo e se tornam atores de grande expressão e destaque nacional e mundial.

Jéssica Lange, atriz que se tornou estrela de Hollyood na década de 70/80 estava fazendo uma performance de mímica em algum logradouro de Paris quando recebeu o convite para fazer o filme que a tornou famosa:. "King Kong", uma versão de 1976, dirigida por John Guillermin que fez um estupendo sucesso nas telas do mundo inteiro e no Brasil virou febre.
Na década de 70 ela era espirante a atriz e muito dedicada ao teatro, daí então sua paixão por pantomima.


Mímica e Cinema


Uma das boas experiências que tive na minha vida artística como mímico foi o convite para fazer, no Cine Odeon, RJ a abertura de dois filmes importantes:
“Tempos Modernos” de Charles Chaplin e “Mon Oncle” de Jacques Tati, dois mestres do cinema onde a mímica é valorizada como arte principal.
Com estilos bem diferentes, o cinema de Chaplin está classificado como “cinema mudo”, devido ao famoso truque da câmera ligeira, onde os personagens se movem de forma rápida na tela.
Já o filme de Jacques Tati funciona em câmera normal, 30 frames por segundo, dando um tom realista ás cenas e com um detalhe importante: o uso mínimo da palavra falada e sem legendas, dão ao filme uma compreensão universal e nonsense do genial personagem Sr. Hulot.
Quando fui convidado para fazer a abertura destes dois filmes tão especiais da filmografia mundial, tinha de interagir com o público desde a bilheteria até a entrada/palco na sala escura onde fica a tela. Antes do filme o público via uma performance criada para dar um clima lúdico e um contato real com o tipo de arte que seria exibido na tela.
Sou grato à equipe do “Grupo Estação”.  Liderados por Isabella e Felícia, na época, duas pessoas que tiveram a visão de mostrar uma arte como a que pratico já a mais de 20 anos, por este Brasil, dentro de um contexto universal. A mímica agradece esses momentos visionários e inesquecíveis.
Uma outra experiência marcante foi a minha presença no "II Festival de Cinema de Cabo Frio", em 2008 onde levei ao palco uma homenagem ao “Grande Ditador” de Charles Chaplin, criando uma pantomima especialmente para a abertura daquele evento, momentos assim, merecem estar na biografia de um artista, o tempo vai passando e a memória vai ficando fixa naquilo que nos faz viver doces momentos de lembranças eternas.
Foi com este espírito de alegria e paixão pela arte da mímica que fiz questão de colocar na web o vídeo apresentado naquela noite, do “II Fetival Curta Cabo Frio”, Uma maneira simples de recriar um momento muito especial.



Veja o vídeo que abriu o "II Festival Curta-Cabo Frio", em 2008