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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Crítica. Hominus – Grupo Creche na Coxia.


A experiência de assistir o espetáculo HOMINUS, do grupo Creche na Coxia tem sabor redobrado. Primeiro pela linguagem, que envolve performance e mímica, mas não fica só nisso.  O grupo mostra um repertório vocal diferenciado, com tonalidades musicais bem afinadas além de valorizar diversas nuances de um teatro pós-dramático que vem, desde os anos 90, encontrando seu espaço no Brasil.
O trabalho de criação coletiva também teve destaque. Durante o processo o grupo se juntou para pesquisar sua própria dramaturgia, recriando corporalmente quadros que vimos desde a infância nos livros didáticos, estabelecendo um contato de humor  e visceralidade nas criações cada vez mais instigantes que deram ao trabalho um ritmo forte e manteve o público concentrados do começo ao fim. 
Bebendo na fonte da mídia televisiva, radiofônica e cinematográfica, além dos dos cadernos de escola, e a internet, Hominus soube juntar diversos padrões sociais numa linguagem cênica, sem usar de forma dependente, a palavra, o que não é pouco, já que, utilizar os conceitos da mímica sem parecer pantomima e usar o texto falado sem se ater a composições prolixas, exige um trabalho de pesquisa e o grupo, sem dúvida, acertou, no caminho que escolheu.

Apenas um pequeno tapete, 4 atores e a história do mundo flui, levando
o público a uma viagem surpreendente.
Não fica claro, entretanto, se a intenção do grupo é brincar com a história ou demonstrá-la tal como foi. Dá pra dizer que o tom as vezes parece “brincadeira” pura e simplesmente, mas não necessariamente. Há nuances do espetáculo que leva o público à reflexão e até mesmo às lágrimas. Logo, quando o ator diz que ouve “um milhão de mortos” na segunda guerra mundial pode estar fazendo uma referência aos quase 60 milhões de pessoas que pereceram naquele conflitos. Só na frente russa morreram quase 25 milhões de pessoas, a Alemanha perdeu mais de 13 milhões, os aliados 5 milhões e por aí vai. Não que os números sejam importantes. Ou será que são?
O figurino combina com o vigor físico dos artistas que aproveitam uma forma despojada para contar a história, num certo sentido, podemos dizer que são pessoas jovens, contemporâneas, que se permitem falar de um outro tempo, incluindo o tempo atual. Mas o que realmente nos importa dizer é que o teatro aconteceu, a cena se sustenta e a mímica agradece. Platéia lotada, muitos aplausos e, o que é mais bonito, o público telefonando para os amigos e recomendando o trabalho

Serviço:

Temporada: dias 17,24 e 31 de Outubro
Teatro Maria Clara Machado – Planetário da Gávea.
Endereço: Av. Padre Leonel França, 240 - GÁVEA
Espetáculo: “HOMINUS” 
Temporada: 03(três) semanas - Horário: quartas-feiras, às 21h.
Duração: 01h Classificação Etária: Livre

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